segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Bolinho de chuva


Bolinho de chuva tem um sabor de infância, um tempo bom cheio de risadas e peraltices, um tempo em que toda a inocência do mundo cabia no meu coração. Café com leite (naquele tempo as crianças bebiam café) e bolinho de chuva, algumas vezes com aquele gostinho de canela e açúcar.
Voltar da escola sob a chuva, pulando nas poças só pra ver a água espirrar longe, tocar a campainha (sempre da mesma pessoa) e sair correndo feito louco, chegar em casa e dizer para a mãe que a chuva estava forte demais e levar uma bronca (algumas vezes uma chinelada, ai ai ai !) . Naquela época os monstros e fantasmas eram diferentes e embora eu morresse de medo eles eram inofensivos, eu tinha uma mania muito feia nesta época, quando estava sozinho costumava repetir os palavrões que ouvia os garotos mais velhos falarem, era capaz de ficar longos minutos repetindo o mesmo palavrão em voz baixa. PQP era o que eu mais gostava, repetia em varias entonações, tempos e até usando a melodia de “O barbeiro de Sevilha”.
Nas férias era muito bom, sempre íamos para a fazenda de um tio, banho de rio, ofurô de latão, quando chovia era uma festa, conseguíamos ver a chuva chegando e invadindo os campos, como toda a criança tentávamos correr da chuva (eu disse que era inocente...rs) volta e meia tinha bolinho de chuva no café da tarde, ficávamos sentados na varanda tomando café com leite e comendo bolinhos de chuva, assistindo o espetáculo que a mãe Terra nos proporcionava, cheiro de grama molhada, cheiro de chuva, cheiro de bolinho de chuva, cheiro de infância.
O bolinho de chuva representa os melhores dias da minha infância, talvez por este motivo hoje quando como bolinho de chuva, ao invés de café com leite tome chá verde, formando assim a minha metáfora pessoal.

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