segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Bolo de chocolate II


A espera foi longa, mas valeu cada segundo, ela estava simplesmente linda, a transparência reveladora da bata indiana fez estremecer as minhas pernas e aquele tom azul céu em dia de verão nos olhos dela me hipnotizava.

Mesmo sabendo que a qualquer hora eu poderia me ferir decidi ignorar e embarcar naquela montanha russa de sentimentos, por mais que tentasse não conseguia digerir aquela situação, o que uma mulher daquelas queria comigo?
-Nossa que beijo gostoso! –disse ela
-É muita vontade de você, eu...eu.... o que é que eu estou falando?!?!
-Não fala assim que eu fico metida!..rs...rs
- Eu sei que você vai entender o que eu tenho pra te falar, e eu preciso falar, porque não estou conseguindo lidar com este sentimento.
-Então fala, diz tudo, é melhor para nós.....(para nós?!?!)
-Desde o dia que te conheci não estou conseguindo tirar você de dentro da minha cabeça, você está em todos os meus pensamentos, tenho que admitir, você me avassalou, tomou conta de todos os espaços e não precisou fazer nenhum esforço. Você parece o mar em dia de tempestade, me sugando para dentro de ti e por mas que eu tente fugir sou dominado pela tua força, quando me deixa escapar eu mergulho de volta. Não sei se você......
-Shuuuttt!!! EU TE AMO!
Tive uma taquicardia descomunal, afinal era muita emoção para um só dia, só consegui responder depois do beijo, aquele beijo...
- EU TE AMO, desde sempre! – estranhamente senti um “serenar” na alma.
Percebendo o ritmo da conversa decidimos fazer uma “pausa” afinal de contas precisávamos nos recompor, o turbilhão que aconteceu em nós durante os minutos que se antecederam precisava ser digerido.
- Escolha alguns discos que eu vou trazer o bolo de chocolate que preparei para você, garanto que você vai adorar.
-Você está mimando esta criança, hahahaha!
Deve ser gostoso mesmo, ela sempre comenta. Coloquei alguns discos no prato (naquele tempo não existia CD, mp3 e outras modernidades), logo em seguida ela trouxe o bolo, que realmente era gostoso demais, tinha uma calda de chocolate branco que era uma delícia.
Bastou apenas um olhar para que nossas bocas se encontrassem novamente, o beijo era molhado, intenso, forte, único, depois disso, o verbo desfez-se em pequenas partículas, a palavra perdeu a força.
Eu me sentia em outra dimensão (e estava mesmo, a receita do bolo era a mesma das cafeterias de Amsterdã) entre beijos, abraços, pele suada, aquele TUMMMMM viajante seguido de “Diz que deu, diz que dá, diz que Deus dará”, fez com que eu viajasse para outras terras, outros tempos, a minha incrível habilidade de estragar algumas situações mais uma vez se impôs.
Horas mais tarde acordei da “Trip”, a Guta dormia serenamente sobre o meu peito, linda como sempre, Grrrrrr que raiva!
Dei mais um beijo naquela Iemanjá nórdica e fui embora apressadamente (hoje admito que foi pura vergonha...rs). Droga! Este pedaço da musica não sai da minha cabeça, “Diz que deu, diz que dá, diz que Deus dará”.
O studio do Marco estava fechado, ele e o TUNHÃO estavam no boteco em frente e já haviam se tornado amigos, afinal de contas eram dois carcamanos, TUNHÃO delicado como de costume disse:
-Puerra, tá acabadão!- não preciso dizer que todos no boteco direcionaram os olhares à minha pessoa.
- Depois te falo! Vambora.
No caminho de volta, com aquele “Diz que deu, diz que dá, diz que Deus dará”, na cabeça, disse para o TUNHÃO:
- Bitchô! Já era, tô perdido, hoje conheci meu destino.
-Calma bródinho, a vida é longa e dá várias voltas, muita calma nesta hora...hahahaha!
E aquele “Diz que deu, diz que dá, diz que Deus dará” continuou pelos três meses que se sucederam.



Continua...

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