Eu não vou traçar metas, pois descobri que elas já estavam traçadas quando nasci e quem sou eu para mudar meu destino, quem sou eu para não aceitar o que me foi designado, olhando para o mar, descobri que ele ( o destino ) é como a onda, nada pode mudar o seu curso.
Há alguns anos ( uns dois ) atrás eu estava com uma idéia fixa, queria um milagre, é, isso mesmo, um milagre. Quantas pessoas já receberam um milagre, eu também queria. Estava começando a acreditar que Deus, Buda, Allah, Jah, Jesus, Jeová, não existiam. Minha fé estava enfraquecida, quando um dia em uma praça de alimentação de um mercado ( eu tinha que estar comendo.tsc..tsc...tsc ) avistei uma garotinha com a mãe, e por mais que quisesse não conseguia tirar os olhos dela, não sei se era o fato dela não ter um fio de cabelo, mas alguma coisa naquela menininha me hipnotizava. De repente elas começaram a andar em minha direção e a menina percebeu que eu estava olhando para ela, e quando nossos olhos se encontraram senti um arrepio que percorreu todo meu gigantesco corpo, sentarm-se perto da minha mesa e embora não quisesse olhar para ela ( tive receio de causar algum constrangimento para a mãe ), não conseguia parar, agora disfarçadamente, e parecia que ela sabia, ela sorria em minha direção sem que a mãe percebesse e então pude reparar pelo frágil corpo e pela falta de cabelos que tratava-se de uma criança doente.
Mas aquele sorriso, aquele olhar, rasgavam-me a alma, eu não queria ir embora, queria entender o que estava acontecendo, tudo aquilo era muito louco, era como se existisse só nós dois, naqueles milésimos de segundo eu sentia minha alma ser operada, a cada olhar, a cada sorriso, eu me entregava mais e mais, e quanto mais eu me entregava mais leve eu me sentia. Uma emoção tomou conta de mim quando entendi o que estava acontecendo, dei um sorriso disfarçado que foi retribuido e me despedi com um olhar.
No caminho de casa não aguentei, parei em um estacionamento de uma loja de conveniência e comecei chorar, mas não foi um choro comum, foi um choro de lavar a alma, choro de criança, choro doído. Como pude ser tão fraco, justo eu que nasci e fui criado para ser um guerreiro ( e olha que não estou falando no sentido figurado ), como pude esquecer o olhar de felicidade do meu pai, o sabor dos bolos da minha mãe, das risadas com a minha irmã, das descobertas, das loucuras, do som que o uretano produz quando em atrito com o asfalto, da coragem para pular o abismo que separava os meus lábios dos lábios de quem eu amava, da pequenina mão do primogênito. O milagre estava presente em todos os meus dias e eu não havia percebido, hoje sei que o verdadeiro guerreiro não é o herói de de uma batalha e sim o sobrevivente de uma guerra, que ele vive preparando-se para a guerra e para a paz. Hoje toda vez que me sinto fraco visualizo o sorriso daquele anjo.
Esse texto foi para celebrar a vida e o amor, o vídeo é um presente para todos meus amigos, se puderem fechem os olhos e deixem o Israel Kamakawiwo'ole levar vocês para um lugar cheio de amor, toda vez que escuto essa música fico arrepiado, ela é simples e clara, foi feita para lembrarmos que as melhores coisas da vida são as mais simples.
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