segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O primeiro dia de 2008

Esse ano eu quero começar com muito amor, quero poder sorrir quando estiver triste, quero ajudar quando for possível, quero ouvir quando for preciso, quero falar quando for solicitado.

Eu não vou traçar metas, pois descobri que elas já estavam traçadas quando nasci e quem sou eu para mudar meu destino, quem sou eu para não aceitar o que me foi designado, olhando para o mar, descobri que ele ( o destino ) é como a onda, nada pode mudar o seu curso.
Há alguns anos ( uns dois ) atrás eu estava com uma idéia fixa, queria um milagre, é, isso mesmo, um milagre. Quantas pessoas já receberam um milagre, eu também queria. Estava começando a acreditar que Deus, Buda, Allah, Jah, Jesus, Jeová, não existiam. Minha fé estava enfraquecida, quando um dia em uma praça de alimentação de um mercado ( eu tinha que estar comendo.tsc..tsc...tsc ) avistei uma garotinha com a mãe, e por mais que quisesse não conseguia tirar os olhos dela, não sei se era o fato dela não ter um fio de cabelo, mas alguma coisa naquela menininha me hipnotizava. De repente elas começaram a andar em minha direção e a menina percebeu que eu estava olhando para ela, e quando nossos olhos se encontraram senti um arrepio que percorreu todo meu gigantesco corpo, sentarm-se perto da minha mesa e embora não quisesse olhar para ela ( tive receio de causar algum constrangimento para a mãe ), não conseguia parar, agora disfarçadamente, e parecia que ela sabia, ela sorria em minha direção sem que a mãe percebesse e então pude reparar pelo frágil corpo e pela falta de cabelos que tratava-se de uma criança doente.
Mas aquele sorriso, aquele olhar, rasgavam-me a alma, eu não queria ir embora, queria entender o que estava acontecendo, tudo aquilo era muito louco, era como se existisse só nós dois, naqueles milésimos de segundo eu sentia minha alma ser operada, a cada olhar, a cada sorriso, eu me entregava mais e mais, e quanto mais eu me entregava mais leve eu me sentia. Uma emoção tomou conta de mim quando entendi o que estava acontecendo, dei um sorriso disfarçado que foi retribuido e me despedi com um olhar.
No caminho de casa não aguentei, parei em um estacionamento de uma loja de conveniência e comecei chorar, mas não foi um choro comum, foi um choro de lavar a alma, choro de criança, choro doído. Como pude ser tão fraco, justo eu que nasci e fui criado para ser um guerreiro ( e olha que não estou falando no sentido figurado ), como pude esquecer o olhar de felicidade do meu pai, o sabor dos bolos da minha mãe, das risadas com a minha irmã, das descobertas, das loucuras, do som que o uretano produz quando em atrito com o asfalto, da coragem para pular o abismo que separava os meus lábios dos lábios de quem eu amava, da pequenina mão do primogênito. O milagre estava presente em todos os meus dias e eu não havia percebido, hoje sei que o verdadeiro guerreiro não é o herói de de uma batalha e sim o sobrevivente de uma guerra, que ele vive preparando-se para a guerra e para a paz. Hoje toda vez que me sinto fraco visualizo o sorriso daquele anjo.
Esse texto foi para celebrar a vida e o amor, o vídeo é um presente para todos meus amigos, se puderem fechem os olhos e deixem o Israel Kamakawiwo'ole levar vocês para um lugar cheio de amor, toda vez que escuto essa música fico arrepiado, ela é simples e clara, foi feita para lembrarmos que as melhores coisas da vida são as mais simples.



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