segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Fênix


-Não! Por favor, fique! Vamos tentar mais uma vez, eu te peço, apenas mais uma vez.

Esta foi a última frase que ela disse olhando-o nos olhos, o estrondo da porta fechando ganhou a potência de mil bombas atômicas, as construções finalizadas até o momento ruíam feito castelos de areia em dia de vendaval.
Sobre o vidro da mesa, lágrimas, que começaram timidamente até formarem pequenas poças de tristeza, medo e um quase desespero.
Embora o amor não existisse há muito tempo era difícil para ela aceitar aquela situação, pensou nos outros, pensou no tempo, pensou nos erros, pensou quando não pensou.
As lágrimas rolavam incessantemente, sentiu raiva de si mesma, jurou que nunca mais amaria, pensou no tempo que dedicara àquela pessoa.
Depois de horas chorando, num momento de iluminação percebeu que tinha apenas duas opções, tornar-se uma pessoa rancorosa, fechada, cheia de ódio ou incinerar o passado, fazer o feng shui da alma e renascer.
Certa vez ouviu a avó dizer que as lágrimas eram milagrosas, que limpavam a alma e que era um presente que Deus concedeu somente para as mulheres.
Secou as lágrimas na manga da blusa e decidiu optar pela segunda opção, afinal ela era mulher, abençoada e acreditava nas rezas da avó.



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