segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Luisa me dá tua mão



Luisa, menina sapeca, arteira, charmosa, daquelas que a gente tem vontade de morder, bela, de morenice brejeira, cabelos longos e negros.
Luisa foi modelo infantil, uma criança linda e com a mesma cara de sapeca, na adolescência afastou-se das lentes publicitárias para fazer cursos de teatro, ela sonhava em ser atriz e apesar de ser bonita não tinha a mínima tendência para ser a mocinha da novela das oito, ela gostava de ser engraçada, de fazer rir, ela queria ser comediante.
Foi durante os ensaios de uma peça de teatro no colégio que eu comecei a conversar com a Luisa, antes eu apenas admirava aquela beleza, não dava para não olhar, aquelas mini-saias, o cabelo longo sempre preso, aquele par de pernas esculturais, uauu fenomenal!
Não demorou muito para começarmos a namorar, até hoje acho que ela começou a namorar comigo, pelo fato de eu ser um cara estranho, nunca fui muito inteligente, descolado e muito menos bonito, mas era estranho e vocês sabem que tem gosto para tudo neste mundo.
A Luisa gostava de fazer improvisações e performances em qualquer lugar, a qualquer hora, no começo eu ficava um pouco envergonhado, nunca sabia quando era verdade, depois acabei acostumando e até aprendi algumas técnicas, mesmo achando que era uma maldade o que ela fazia com as pessoas, ela dizia apenas:
- Beibí as pessoas precisam de um pouco de drama alheio em seus cotidianos.
Ela era muito boa no que fazia, certo dia estávamos no Jack in the box (uma espécie de Mc Donald’s jurássico) depois de uma sessão de cinema, quando duas mulheres sentaram perto de nós e de repente a Luisa começou a dizer que eu não podia deixar ela, não naquele momento. Bastou ela falar isto para que as duas direcionassem os olhares para nossa mesa, afinal de contas as mulheres são solidárias entre elas, principalmente nestas horas, foi a primeira vez que eu entrei no jogo da Luisa, dizendo que não seria possível ficarmos juntos, que não queria aquele filho, bla, bla, bla.
Luisa tinha um choro convincente, meio abafado, um olhar dramático, não demorou muito para que as duas mulheres ficassem com os olhos cheios de lágrimas, mas como era um laboratório e ela adorava finais felizes, conseguia virar o jogo e me manipular (é lógico que eu já conhecia o ritmo dela) e eu aceitava e assumia a “gravidez” e tudo terminava com um beijo terno e apaixonado, a resposta do “público” era imediata sorrisos simpáticos e olhos vermelhos, emocionados. Bad girl!
Certa vez ela apareceu com duas coleiras e uma corrente e disse:
- Hoje nos vamos sair assim, encoleirados um no outro, hihihi
-Nãoooo, cê tá maluca?
-Então tá, quando chegarmos à porta do Madame Satã colocamos.
-Tá bom, hahaha
Eu sabia que seria no mínimo divertido e embarcava na dela, vocês tem que entender que um casal encoleirado era pouco perto do que rolava no Madame Satã na década de oitenta.
Os pais da Luisa tinham uma chácara e quase todos os finais de semana iam para lá, e como a Luisa era uma mocinha e tinha curso de teatro no sábado ficava em casa, só. A mãe tinha um horário certo para ligar passado este horário estava liberado. Não demorou muito para começarmos a transar, fazer amor é só com quem amamos e segundo a Luisa ela não me amava, ainda, eu era uma amizade colorida, uma transa, um caso, sei lá o que mais, eu não pensava no assunto, era bom estar com ela e isso me bastava.
O sexo era bom, estávamos nos descobrindo, pele, cheiro, sabor, vontades, eu nunca me preocupei em ter um ótimo desempenho, em parecer experiente ou sexy, em ser a melhor transa da vida dela.
Era sempre uma surpresa, um dia ela apareceu com um livro do Kama Sutra, e queria experimentar todas aquelas posições, até hoje fico pensando se aquele livro não é algum manual de sexo para contorcionistas, que alguém decidiu usar com as pessoas normais.
Danças exóticas, strip-teases, sexo selvagem, carinhoso, dramático, mudo, aeróbico, com chantily, com chocolate, foi uma fase muito louca e gostosa, de descobertas e surpresas.
O único problema eram os pais da Luisa, eles não gostavam de mim, aceitavam, mas não gostavam, achavam que era perda de tempo namorar um cara estranho, pobretão e sem talento nenhum, Luisa nascera para ser uma estrela.
Algumas vezes os pais dela a proibiam de sair, como não éramos namorados eu não tinha obrigação de ficar em casa mofando, saia com os amigos para a noite paulistana, foi numa dessas noites, junto com o TUNHÃO e a Claudia, no meio de uma quebra-quebra histórico no Napalm, durante o show dos Garotos Podres, que os meus olhos cruzaram o meu destino azul, hipnose automática, não consigo explicar até o presente dia como fui avassalado por aquele vendaval nórdico.
-Guta! Guta! Aqui!
Meu Deus não acredito, é conhecida da Claudia.....


Continua...

Um comentário:

Virginia Finzetto disse...

E amo o que você escreve, Douglas...!