Geléia de morango é isso mesmo!
Quando criança adorava ir para a casa da minha avó, talvez pelo fato dela gostar de mimar os netos e ser uma ótima cozinheira. Uma coisa que nunca se apagou da minha memória foi a geléia de morango.
Não era apenas o sabor delicioso, mas o ritual que envolvia a confecção da guloseima.
Levantamos cedo para colher os morangos, quem já esteve numa plantação de morango nunca esquece do cheiro, aquela mistura de terra, morango e folhas. O cheiro do morango assim que você colhe é uma delicia e bem diferente dos aromas produzidos em laboratório.
Minha avó tinha o dom da prosa, enquanto confeccionava a geléia costumava contar causos, dar conselhos, ouvir atentamente e rir. A cozinha ficava com aquele cheiro de morango, era possível sentir as boas vibrações durante ritual.
A tardinha era hora de comer pão caseiro com a geléia de morango, como era bom. Na fase pré-adulta comecei associar tudo de bom que me acontecia com geléia de morango.
E assim descrevo aquela paixão arrebatadora, geléia de morango.
Uma paixão que me deixou sem prumo, mudou meu rumo, superou expectativas, levou-me além dos limites.
Destino traçado, caminhos cruzados, paixão de verdade, dessas que a gente olha para o horizonte imaginário e fica emocionado. Uma força de mil redemoinhos que suga a gente com a voracidade de deuses.
Estar apaixonado daquele jeito era felicidade constante, não existiam Marthices ou fases tepeêmicas que acabassem com o bom humor dos amantes.
Conversas recheadas de risadas sinceras, confissões, olhares e mais risadas. É bom poder falar tudo sem medo de censura, ser aceito como você é, poder mostrar para apenas uma pessoa o mundo de possibilidades de existe em você.
O sexo então, nem se fala! Ou melhor, fala, geme, ri,chora.
Quando se está apaixonado, não se faz amor. Quando apaixonado a pessoa fode, pode parecer um pouco grosseiro, mas só quem está apaixonado fode, essa vontade de querer ir além, de se entregar mais que o limite. Só quem está apaixonado é capaz de ser sincero o suficiente para foder feito bicho solto, sem medo, sem limite. Amor a gente deixa para fazer depois de foder, sentindo um ao outro, olhando nos olhos, entrelaçando os corpos, sentindo os cheiros e sabores numa meditação conjunta onde palavras não precisam ser ditas.
Porém sempre existe um “mas”, uma vírgula, um ponto final, um novo parágrafo, e aquela paixão com sabor de geléia de morango, agora só existe na memória ou numa velha canção.
Hoje durante o trabalho lembrei da geléia de morango e daquela grande paixão
Aproveito o vídeo do amigo Tony "Pituco" Freitas para ilustrar essa humilde crônica.
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